Desvendando os Mistérios do Naufrágio do Titanic: Causas e Hipóteses

26/06/2023

Uma série de fatores levou o navio Titanic, o mais famoso navio do mundo, a naufragar. Qualquer acidente que envolva transportes coletivos não ocorre por apenas um fator isolado, seja um acidente aéreo, aquático ou terrestre, sempre haverá uma série acontecimentos que contribuirão direta ou indiretamente para a tragédia.

Super-refração

De acordo com especialistas, o acidente ocorreu devido às condições atmosféricas favoráveis no momento e local do incidente, que propiciaram o fenômeno conhecido como "super-refração". Esse fenômeno ocorre quando a luz se curva, criando uma espécie de ilusão de ótica que ocultou o famoso iceberg e resultou na colisão. Essa ocorrência é intrigante, pois pode ter levado tanto a tripulação quanto os vigias do Titanic a acreditarem que outro navio estava navegando na mesma rota, transmitindo a falsa sensação de segurança e diminuindo a atenção dos vigias.

O Navio

Com dimensões de 266 metros de comprimento, 28 metros de largura e 53 metros de altura (com 42,5 metros acima da água), o RMS Titanic possuía 16 compartimentos projetados para impedir o afundamento do casco, permitindo que o navio continuasse navegando mesmo se 4 deles fossem invadidos pela água. Devido à confiança nos dispositivos de segurança e na crença de que o navio era inafundável, foi decidido que menos botes salva-vidas seriam carregados, proporcionando um convés mais amplo e elegante para os passageiros.

Um fator interessante de analisar nessa parte era de que os compartimentos não eram isolados, havendo transmissão de água entre eles. É como uma forma de gelo que você coloca água no primeiro buraquinho e ele vai transbordando e enchendo os demais.

A batida

Na madrugada de 14 de abril de 1912, o RMS Titanic colidiu com um iceberg nas águas geladas do Atlântico Norte, resultando em uma abertura de aproximadamente 91 metros de comprimento no lado direito do casco, próximo à proa. Essa colisão permitiu a entrada de água nos compartimentos do navio. Embora o Titanic fosse capaz de prosseguir com a viagem mesmo com quatro dos dezesseis compartimentos comprometidos, seis compartimentos foram expostos à água do mar, tornando o naufrágio inevitável a partir daquele momento.

Um dos projetistas do Titânic, que foi um dos sobreviventes, Edward Wilding, disse no inquérito que o impacto não foi tão grande e que alguns passageiros pouco sentiram. Ele disse que se a batida tivesse ocorrida de frente, o navio não teria afundado.

A afirmação dele se baseia em dois pontos. O primeiro é que o navio não estaria tão rápido como sugere alguns estudos e o segundo que a frente do navio era reforçada para sobreviver a possíveis impactos com outros navios.

O naufrágio

Após o impacto, era esperado que o navio levasse mais tempo para afundar, o que, em teoria, teria permitido o resgate de um número maior de pessoas. No entanto, isso não ocorreu devido à separação do navio em dois.

Com a proa completamente submersa e a popa erguida no ar, com as hélices à mostra, a estrutura do navio não resistiu às tensões e se partiu ao meio. A proa afundou em um ângulo acentuado, resultando em uma grande força durante o impacto. A popa, sem a sustentação hidrodinâmica fornecida pela proa, afundou em um movimento em espiral, causando a explosão e a ejeção de compartimentos e peças.

Mesmo que a popa tivesse afundado devido ao peso da água dentro do navio, ele não deveria ter se partido ao meio. A estrutura deveria ter mantido o navio acima da superfície por um período maior de tempo.

O Rompimento

Ao longo dos anos, várias hipóteses foram levantadas para explicar as possíveis causas do rompimento do casco do Titanic, mas duas delas receberam maior destaque. A primeira hipótese sugeria que a falha estava nas chapas do casco, enquanto a segunda acreditava que a falha ocorreu nos rebites que uniam as placas.

Na primeira hipótese, foi sugerido que a fragilização da estrutura do Titanic tenha sido a causa do rompimento. As águas geladas do Atlântico Norte no momento do naufrágio atingiram temperaturas de -2°C. Testes realizados anos depois mostraram que o material utilizado nas chapas do casco tinha uma temperatura crítica (ponto de transição dúctil-frágil) em torno de 32°C, muito acima da temperatura real a que o material foi exposto. Além disso, a composição química do aço carbono usado apresentava altos teores de enxofre, oxigênio e fósforo, além de elementos fragilizantes e baixo teor de manganês, o que contribuiu para a fragilidade do material.

No entanto, ensaios de impacto realizados na década de 90 indicaram que o aço utilizado no Titanic era dez vezes mais frágil do que os aços fabricados atualmente para as mesmas condições de acidente. Porém, testes mais modernos que se aproximaram das condições do impacto do navio mostraram que o aço das chapas, em temperaturas próximas de 0°C, apresentava tenacidade suficiente para se deformar em vez de fraturar em caso de impacto, descartando assim essa hipótese.

Já para a segunda hipótese, estudos metalúrgicos foram conduzidos para avaliar a composição química dos rebites. Com base nos registros da época e no conhecimento atual, foi observado que os rebites utilizados não apresentavam uniformidade em sua composição e não foram distribuídos corretamente ao longo da estrutura, resultando em espaçamentos irregulares entre as linhas. Durante as investigações realizadas pelos especialistas, descobriu-se que os rebites de ferro nas partes dianteira e traseira do navio (proa e popa) tinham uma qualidade inferior quando comparados aos utilizados na região central do casco, que eram feitos de aço com baixo teor de carbono.

Isso se deve à alta concentração de escória presente na composição química dos rebites de ferro, o que justifica o baixo custo desses materiais na época. A escória, sendo um subproduto, pode apresentar propriedades mecânicas diferentes do restante da estrutura do material, conferindo maior fragilidade em condições de tensões aplicadas, como foi o caso do impacto com o iceberg.

Conclusão

É verdade que o projetista do Titanic mencionou que o navio poderia sobreviver em caso de colisão frontal. No entanto, a situação descrita anteriormente aponta para o contrário. O reforço no casco foi projetado para resistir a colisões com outros navios, o que implica que a força do impacto seria compartilhada entre os dois navios. No caso de um iceberg, ele representa uma força estacionária, o que significa que toda a energia do impacto seria absorvida pelo navio.

Imagine a estrutura de 52 toneladas do Titanic colidindo de frente com uma estrutura sólida de 1 milhão de toneladas, que é o peso aproximado de um iceberg, a cerca de 30 km/h. Toda a força do impacto seria absorvida pelo navio. Além disso, levando em consideração que os rebites eram de baixa qualidade, é provável que alguns deles se soltassem e o casco sofresse danos irreversíveis que poderiam levar ao naufrágio do navio.

Em cálculos aproximados, e levando em conta a minha capacidade de fazer esses cálculos que não é das melhores, cheguei a conclusão que o impacto seria de cerca de 432.560 kg·m/s. Isso seria suficiente para abrir rachaduras, em diversos pontos do casco.

Notas do autor:

Sempre fui fascinado pelas histórias de naufrágios e o Titanic é a maior de todas. Por isso sempre li muito sobre o assunto.

Para esse artigo usei uma série de fontes, mas posso citar a engematsolucoes.com.br que contem dados interessantes sobre a engenharia do navio.

Para o cálculo sobre o impacto usei a formula: Momentum = massa × velocidade.

Uma tonelada é igual a 1000 quilogramas (kg), então a massa do Titanic é de 52 × 1000 = 52.000 kg.

A velocidade de 30 km/h precisa ser convertida para metros por segundo (m/s). Uma hora tem 3600 segundos, então 30 km/h é igual a 30.000 m/3600 s = 8,33 m/s.

Agora podemos calcular o momentum do Titanic:

Momentum do Titanic = 52.000 kg × 8,33 m/s = 432.560 kg·m/s

Como o iceberg está em repouso, o seu momentum é zero. Portanto, a força do impacto será igual ao momentum do Titanic, que é de 432.560 kg·m/s.